José Elias de Jesus
Professor
RESUMO
O processo de ensino e
aprendizagem mediado por Tecnologia de Informações e Comunicações – TICs requer
tanto do educando como do docente um conjunto de competências específicas,
entre as quais aquelas relacionadas com a mediação interacionista, exigindo dos
atores deste ambiente educacional um conhecimento midiático mais apurado, tanto
em relação aos aspectos computacionais quanto aos métodos instrucionais. Estas
habilidades, inerentes ao ambiente virtual de ensino-aprendizagem, mais
especificamente na utilização da internet, exigirá do docente um conhecimento
mais ampliado dos fundamentos da virtualização do processo interacional midiático,
haja vista as variações de aplicativos existentes e por conta das diversidades
computacionais (software, hardware e peopleware), maximizado pelo chamado
analfabetismo digital dos ingressos neste universo midiatizado.
Palavras-chave: Ensino-Aprendizagem. Tecnologia de Informação
e Comunicação. Formação de Docentes. Ensino a Distância.
1 INTRODUÇÃO
Muito embora haja uma forte disseminação da utilização das Tecnologias de
Informação e Comunicação – TICs nos processos de ensino e de aprendizagem, nas
mais variadas áreas do conhecimento, as competências interacionais, ou falta
delas, tanto dos educandos quanto dos docentes, é uma preocupação, enquanto
variável imprescindível do processo
, posto que muitas habilidades deixam de ser
plenamente desenvolvidas, por parte dos alunos, haja vista os equívocos
pedagógicos adotados pelos docentes culminando, conforme Jesus
(2012), com um índice de aprendizagem aquém do esperado, notadamente quando se
vislumbra uma formação educacional que permita, ou favoreça, o avanço do
egresso na suas continuidades escolares, bem como o ingresso no mercado de
trabalho.
“Partindo do
contexto empresarial e da visão conceitual de competências, percebe-se que,
atualmente, não basta que o profissional adquira conhecimentos da área técnica.
Passa a ser uma situação sine qua non
que outras competências sejam desenvolvidas e adquiridas, permitindo ao
indivíduo a possibilidade de interpretar o que acontece no mundo, de se adaptar
às mudanças facilmente [...]”. (DA SILVA, YOSHIDA e GUERRA, 2004, p.65).
Estas premissas nos levam a questionamentos acerca do fazer educacional
empregado no processo de ensino que tenha, como recurso pedagógico, a
necessidade de apropriação das ferramentas midiáticas de interação.
Muito
embora muitos dos docentes que atuam neste processo, notadamente nas áreas de
ciências e matemática, gozam de excelente competência, enquanto profissionais,
questiona-se suas respectivas habilidades educacionais no que se refere às
práticas pedagógicas mediadas pelas TICs.
Todavia, na visão de Kloch & Santos Junior (2010), existem docentes
resilentes à utilização das TICs no ambiente educacional, seja pelo comodismo
proporcionado pelos processos mais antigos, seja pelo receio das mudanças
exigidas pelo novo modelo interacionista. Cremos que, no fazer educacional, a
tecnicidade deva estar fortemente aliada às habilidades pedagógicas.
Podemos dizer que, nos estudos das habilidades dos atores do ensino
mediático, onde todos os envolvidos necessitam interagir no ambiente virtual de
ensino-aprendizagem, urge a necessidade em conhecer, compreender e explicar,
com precisão, as dificuldades inerentes às relações cotidianas do educando
neste complexo ambiente interativo, contextualizando o fenômeno estudado com o
fazer educacional relacionado com a prática didático-pedagógica.
Neste contexto,
Carvalho e Silva (2006, apud PACÍFICO & JESUS, 2011) afirmam que "a
formação do professor em uma modalidade com inserção tecnológica embutida na
própria metodologia do curso será capaz de fazer uma diferença significativa em
sua atuação [...]".
2 CONSTRUÇÃO DA
INFORMAÇÃO
Atualmente, os Sistemas de Informação têm avançado a
passos largos, contribuindo significativamente para a disseminação da
informação e permitindo a formação de profissionais, nos vários níveis
culturais, possibilitando a interação em tempo real com a dinâmica do mundo
globalizado. O pré-requisito é saber que as ferramentas computacionais existem,
saber como manuseá-los (hardware), ter acesso a rede mundial de computadores
(web) e saber como utilizar esta tecnologia (software).
A Tecnologia da Informação – TI, permite a automação do
processo, possibilita a administração remota do ambiente virtual, oferece
flexibilidade no processo de ensino e de aprendizagem, permite agilidade na
entrega das tarefas, reduz os custos operacionais, permite implementar medidas
de desempenho, além de suportar com agilidade conversações compartilhadas entre
os atores do processo. “Neste novo contexto a escola terá como tarefa construir
sentidos com base nas informações” (Mello, 1998 apud KLOCH & SANTOS JUNIOR,
2010, p. 199).
A fluidez da informação é considerada um indispensável
elemento para sucesso do processo, sendo uma ferramenta imprescindível para a
tomada de decisão por parte dos atores. Por conta disto, temos que
A informação é a base da decisão,
do julgamento, da ponderação. É com ela que aprendemos e podemos questionar,
levantarmos novas hipóteses e possibilidades, diminuindo consequentemente a
margem de erro e aumentando os acertos. A informação soma, acrescenta, logo faz
crescer. A informação é, na cultura democrática, a base do poder. Quanto mais e
melhor informado, o indivíduo mais valorizado será, pois pode tomar decisões
mais adequadas ao ser escolhido para o exercício do poder. (GAUDENER, 1991, p. 15).
Para que a informação surja, alguns procedimentos
devem ser executados. Entretanto, urge necessário entender os componentes e
passos que, após processados, resultam em informações.
Por conta disto, entende-se que a produção da
informação destina-se a possibilitar uma percepção contextualizada dos
diferentes processos do ambiente virtual. Ao serem processadas estas
informações, geradas por um Sistema, apresentam significados, sob a ótica do
seu usuário. Neste contexto, um aluno no ambiente virtual necessita ter ao seu
alcance informações acuradas, possibilitando-lhe a continuidade do aprendizado
através da aquisição do conhecimento e o desenvolvimento de habilidades.
3 O ENSINO A
DISTÂNCIA
O surgimento de novas tecnologias computacionais tem possibilitado
a disseminação do conhecimento e permitindo que mais pessoas, antes excluídas
do processo de formação cultural e/ou profissional por conta do custo
financeiro do ensino tradicional, passem a se beneficiar das vantagens
oferecidas nos mais variados cursos de formação, capacitação e qualificação
estruturados na modalidade EaD. A qualidade do
ensino-aprendizagem está disponível às classes sociais dantes inacessíveis,
muito embora muito ainda há por se fazer. Contudo, “a
falta de recursos e políticas de democratização do acesso as tecnologias
configura-se num grande problema social para a democratização do acesso e
formação profissional em diversas áreas do processo produtivo, inclusive na
área educacional [...]” (SANTOS & OKADA, 2013).
Obviamente, a qualidade no conjunto da obra neste
processo é conditio sine qua non para
sua eficiência, no sentido de possibilitar a aquisição do conhecimento e o
desenvolvimento de habilidades, finalizando com egressos tecnicamente
competentes. Neste contexto, Moran (2011) tem afirmado que “sem bons gestores e
professores nenhum projeto pedagógico será interessante, inovador. Não há
tecnologias avançadas que salvem maus profissionais”.
E a tal educação a distância, do que exatamente se
trata? O Decreto n.º 2.494, de 10 de fevereiro de 1998, que regulamenta o Art.
80 da LDB (Lei n.º 9.394/96), infere que
“Educação a distância é uma forma
de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, com a mediação de recursos
didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de
informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos
meios de comunicação”. (BRASIL, 1998).
Objetivando
melhor entendimento, nos socorremos aos ensinamentos de especialista, os quais
afirmam que:
“A EaD é uma modalidade educacional
cujo desenvolvimento relaciona-se com a administração do tempo pelo aluno, o
desenvolvimento da autonomia para realizar as atividades indicadas no momento
em que considere adequado, desde que respeitadas as limitações de tempo
impostas pelo andamento das atividades do curso, o diálogo com os pares para a
troca de informações e o desenvolvimento de produções em colaboração.”
(ALMEIDA, 2003, p. 331).
Aprimorando este entendimento temos que, no entender
de Lapa (2011), neste modelo do fazer pedagógico mediado por computadores a
distância entre os atores do processo não significa, necessariamente, ausência
dos interacionistas, pois, para KLOCH & SANTOS JUNIOR (2010, p. 206), “a
educação (presencial ou a distância) é uma atividade que envolve três
componentes: aquele que ensina (o ensinante), aquele a quem se ensina (o
aprendente), e aquilo que o primeiro ensina ao segundo (um conteúdo)”.
4 A FORMAÇÃO
PROFISSIONAL DE DOCENTES
Com a crescente necessidade de qualificação mais
aprimorada dos docentes, o mercado de trabalho está a exigir mais competências
daqueles que se apresentam para ocupar estes postos de trabalho. Entende-se
por competências profissionais o conjunto de atributos relacionados ao
conhecimento, habilidades e atitudes. Considera-se que estes atributos devam
ser aprimorados, senão construídos, nos cursos de formação profissional, seja
em nível de ensino médio, seja na graduação e especialização.
“A Educação para o trabalho não tem
sido tradicionalmente discutida no Brasil. Segundo Educação Profissional -
Legislação Básica (MEC 2001), o não entendimento da abrangência da educação
profissional na ótica do direito à educação e ao trabalho, associando-o
unicamente à "formação de mão-de-obra", tem reproduzido o dualismo
existente na sociedade brasileira entre as "elites condutoras" e a
maioria da população, levando inclusive, a se considerar o ensino normal e a
educação superior como não tendo nenhuma relação com educação profissional”
(GIRARDELLO, 2007).
Observa-se
que a fundamentação pedagógica, para o ensino profissionalizante, deva ser
baseada na ideia de ensino por competências profissionais.
Essa
abordagem pedagógica é necessária em função do caráter eminentemente prático do
ensino a distância, através de tecnologias que permitam a construção de
ambientes virtuais, de ensino-aprendizagem, e a forte vinculação com o
desempenho do futuro professor na formação (construção) do conhecimento e
desenvolvimento de habilidades dos seus futuros alunos.
Algumas discussões, acerca dos princípios considerados
fundamentais na formulação e criação de cursos desenvolvidos na plataforma Ead,
devem estar relacionadas com as necessidades e expectativas individuais dos
educandos. Aspectos relacionados
com a organização e estrutura pedagógica devem possibilitar a permanência do
aluno no curso, através da apresentação do planejamento para a execução do
projeto.
Quanto ao aprendizado (aquisição do conhecimento e
desenvolvimento de habilidades), percebe-se que parte significativa das
dificuldades apresentadas pelo educando, no ambiente virtual, na apresentação
de estratégias para a resolução de problemas, não são satisfatoriamente
superadas pelos textos compilados e postados no ambiente.
O docente, por seu distanciamento com o educando, deixou de ser a fonte mais
óbvia para fornecer os elementos necessários à solução de tal problemática.
Infelizmente, via de regra, esquecemos, enquanto docentes “moderninhos”, de
fomentarmos discussões acerca dos procedimentos adequados à busca da origem
destas dificuldades.
Pozo (1998) e Villani (1991) abordam questões
relevantes desta problemática, alertando acerca destas dificuldades entre os
docentes.
5 CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Atualmente, o desenvolvimento de pesquisas acerca das
competências midiáticas entre os alunos e professores dos Cursos em ambiente
EaD, atores no ensino da Educação Básica, no ensino técnico-profissionalizante,
na Graduação e na Pós-Graduação, seja no ensino público ou privado, vêm
observando as deficiências apresentadas pelos educandos no que se refere ao
aprendizado e a construção de competências mediáticas no processo de
ensino-aprendizagem em que as Tecnologias de Informação e Comunicação – TICs
são utilizadas como ferramentas interacionistas e mediadoras.
A nossa realidade educacional, notadamente em relação
ao perfil do egresso, demonstra a pertinência de uma análise criteriosa e uma
reestruturação do fazer educacional, notadamente quanto ao ensino em ambiente
virtual, na modalidade Educação a Distância - EaD, bem como repensar as
habilidades midiáticas dos docentes no contexto interacional neste modelo de
ensino e de aprendizagem.
Um
segundo momento destas reflexões poderá ser direcionado no sentido de se apresentar
uma proposta de pesquisa, objetivando encontrar as deficiências
didático-pedagógicas neste modelo de fazer educacional, no intuito de apontar
possíveis ajustes no processo de ensino-aprendizagem, além de adequações nas
práticas educacionais direcionadas aos docentes e estudantes que optam por esta
modalidade de ensino, notadamente quando do aprendizado de modelagens
direcionadas à resolução de situações-problema e contextualização em cenário
hipotético representativo da realidade local/regional do aprendiz.
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